Pela primeira vez, os pesquisadores têm evidências de que a fibromialgia pode ser detectada de forma confiável em amostras de sangue – o trabalho que eles esperam abrirá o caminho para um diagnóstico simples e rápido.
“Não há nada pior do que estar em uma área cinzenta onde você não sabe qual doença tem.”
A fibromialgia é a causa mais comum de dor crônica generalizada nos Estados Unidos e afeta desproporcionalmente as mulheres. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA estimam que entre 7 e 10 milhões de adultos têm fibromialgia. Outras organizações estimam números ainda maiores. No Reino Unido, cerca de dois milhões de britânicos vivem com a mesma dor e fadiga incuráveis que Lady Gaga. No Brasil é pelo menos 4 vezes isso.
O maior problema da fibromialgia, no entanto, é a incerteza que caracteriza o diagnóstico. Cerca de três em cada quatro pessoas com fibromialgia não recebem um diagnóstico preciso, e aquelas que sabem que têm a doença esperaram em média cinco anos entre o início dos sintomas e o diagnóstico. Os sintomas comuns incluem dor e rigidez por todo o corpo, fadiga, depressão, ansiedade, problemas de sono, dores de cabeça e problemas de raciocínio, memória e concentração.
Em um estudo publicado no Journal of Biological Chemistry, pesquisadores relataram sucesso na identificação de biomarcadores de fibromialgia e na diferenciação de um punhado de outras doenças relacionadas.
A descoberta pode ser um ponto de virada importante no cuidado de pacientes com uma doença que é frequentemente mal diagnosticada ou não diagnosticada, deixando-os sem os devidos cuidados e conselhos sobre como controlar sua dor crônica e fadiga.
A identificação de biomarcadores da doença – uma “impressão digital metabólica” como a descoberta no novo estudo – pode abrir a possibilidade de tratamentos direcionados.
Para diagnosticar a fibromialgia, os médicos agora contam com informações relatadas pelo paciente sobre uma infinidade de sintomas e uma avaliação física da dor do paciente, com foco em pontos sensíveis específicos. Mas não há exame de sangue, nenhuma ferramenta clara e fácil de usar para fornecer uma resposta rápida.
“Encontramos padrões metabólicos claros e reproduzíveis no sangue de dezenas de pacientes com fibromialgia. Isso nos deixa muito mais perto de um exame de sangue do que nunca”, disse o pesquisador principal Kevin Hackshaw, professor associado do Ohio State’s College of Medicine e reumatologista no hospital da universidade.
Embora a fibromialgia seja atualmente incurável e o tratamento seja limitado a exercícios, educação e antidepressivos, um diagnóstico preciso permite três coisas:
- descartar outras doenças,
- confirmar para os pacientes que seus sintomas são reais e não imaginários e
- orientar os médicos para o reconhecimento da doença e o tratamento adequado.
A muitos pacientes não diagnosticados são prescritos opioides – analgésicos fortes e viciantes que não mostraram beneficiar as pessoas com a doença, disse Hackshaw.
“Quando você olha as clínicas de dor crônica, cerca de 40% dos pacientes que tomam opioides atendem aos critérios diagnósticos para fibromialgia. A fibromialgia muitas vezes piora, e certamente não melhora, com opioides.”
Por que o estudo de Hackshaw e o co-autor Luis Rodriguez-Saona, um especialista no método de teste avançado usado no estudo, é importante? Simples, porque não tem precedente.
Um estudo com 160 pacientes com fibromialgia com base nos critérios do American College of Rheumatology e 119 pacientes saudáveis descobriu que um resultado positivo do teste de fibromialgia tem uma sensibilidade de 93% e uma especificidade de 89%. No entanto, esse tipo de desenho de estudo, que utiliza um grupo controle de pacientes saudáveis, superestima a acurácia. No mesmo estudo, ao usar um grupo de comparação mais apropriado de pacientes com artrite reumatoide (AR) ou lúpus eritematoso sistêmico (LES) que não apresentavam fibromialgia concomitante, a especificidade foi de apenas 70%, com uma razão de probabilidade positiva de 3,1 e uma razão de verossimilhança negativa de 0,1. O desenho de estudo mais apropriado envolveria pacientes com suspeita clínica de fibromialgia, mas este tipo de estudo ainda não foi realizado.1[Internet] aafp.org. Acesse o link
O estudo em Ohio, todavia, incluiu 50 pessoas com diagnóstico de fibromialgia, 29 com artrite reumatoide, 19 com osteoartrite e 23 com lúpus.
Os pesquisadores examinaram amostras de sangue de cada participante usando uma técnica chamada espectroscopia vibracional, que mede o nível de energia das moléculas dentro da amostra. Os cientistas no laboratório de Rodriguez-Saona detectaram padrões claros que definem de forma consistente os resultados das amostras de sangue de pacientes com fibromialgia, além daqueles com outros distúrbios semelhantes.
“Esses resultados iniciais são notáveis. Se pudermos ajudar a acelerar o diagnóstico para esses pacientes, o tratamento deles será melhor e eles provavelmente terão melhores perspectivas. Não há nada pior do que estar em uma área cinzenta, onde você não sabe qual doença tem”, disse Rodriguez-Saona, professor de ciência e tecnologia de alimentos na universidade.
Seu laboratório se preocupa principalmente em usar a tecnologia de impressão digital metabólica para pesquisas relacionadas a alimentos, focando em questões como a adulteração de leite e óleos de cozinha e ajudando empresas agrícolas a descobrir quais plantas são mais adequadas para combater doenças. A chance de fazer parceria com especialistas médicos para ajudar a resolver o problema do diagnóstico incorreto da fibromialgia foi inédita.
Eventualmente, este trabalho pode levar à identificação de uma determinada proteína ou ácido – ou combinação de moléculas – que está ligada à fibromialgia, disse Rodriguez-Saona.
“Podemos olhar para trás em algumas dessas impressões digitais e potencialmente identificar alguns dos produtos químicos associados às diferenças que estamos vendo”, disse ele.
Além de identificar a fibromialgia, os pesquisadores também encontraram evidências de que a técnica de impressão digital metabólica tem o potencial de determinar a gravidade da fibromialgia em um paciente individual. “Isso poderia levar a um tratamento melhor e mais direcionado para os pacientes”, disse Hackshaw.
Rodriguez-Saona disse que agora gostaria de examinar 150 a 200 indivíduos por grupo de doenças para ver se os resultados desta pesquisa são replicáveis em uma população maior e mais diversa. Já o objetivo de Hackshaw é ter um teste pronto para uso generalizado em poucos anos.
30 respostas
Muito importante a iniciativa de pesquisar profundamente sobre a fibromialgia.
Vejo muita gente se queixando, e o que escutavam é: não pode ser diagnosticado.
Pelo que pude ler nos artigos, existe uma esperança para os afetados.
Conheço uma senhora de 91 anos, que não sabe mais o que fazer com tanta dor pro-
vocada pela fibromialgia. Sem contar, que fala-se muito no emocional.
Que este mal, esteja com seus dias contados, e as pessoas, ainda idosas, possam des-
frutar de uma qualidade de vida do qual merecem. Gratidão Senhor por escolher e ca-
pacitar pessoas interessadas com o bem estar do próximo.
Glaciene, grato pelo seu comentário. Quanto a fibromialgia estar com os dias contados, não sei. Suspeito que vai demorar. Mas em muitos casos, e dependendo da comorbidade, é possível resgatar qualidade de vida. Muita gente está desinformada a respeito. O papel do site é reduzir essa barreira. Julio
Coitada dessa senhorinha tadinha eu tenho 54 anos sofro um horror imsgino éla😥
Nossa, importantíssima essa pesquisa e sua divulgação, venho me aprofundando nesse tema, tenho 1 filho de 10 anos que recebeu o diagnóstico nas minhas dúvidas são inúmeras.
Boa noite qual o sintoma da fribomialgia
Obrigado pelo seu comentário. Veja link sobre DIAGNÓSTICO: https://www.fibrodor.com.br/diagnostico/ e também o https://fibrosintomas.fibrodor.com.br/.
Me ajudem por favor ,se trata no Brasil pelo SUS e terrível,todas as manhãs pra me e terríveis.
Carla, lamento o seu estado de saúde, porém sem nenhuma informação não há o que dizer. At, Julio
Tenho sofrido a 7 anos com dores crônicas fui diagnosticada com fibromialgia , já fiz vários tratamentos tomo medicamentos todos os dias mas nada resolve , não aguento mais passar dia e noite dopada de remédios, quero poder voltar me vestir sozinha ir pra cama sem ajuda. Faço acompanhamento com psicóloga e fisioterapia e vou na hidroginástica e cada dia estou pior por favor me ajudem a ter uma qualidade de vida melhor!
Marli, respondi seus comentários diretamente para seu e-mail. At, Julio
Vocês estão no Brasil quero uma consulta ou participar de algum estudo sofro muito com as dores
Especialistas em dor específicos, eu sou impedido de recomendar. Estudos sobre aspectos da dor costumam ser feitos por um grupo de especialistas em dor do Hospital das Clínicas da USP (São Paulo, Brasil). A, Julio
Adorei a matéria,vivi muitos anos sem saber o que tenho,hoje vejo uma luz no fim do túnel.obrigada
Obrigado pelo comentário. Continue se informando sobre o tema. O site Fibrodor traz muita informação que pode ser útil ao paciente estudioso que se dispõe a assumir ativamente a sua recuperação.
Sinto dores nos ombros e costas a 1 ano cansaso e fadiga, agora por último veio uma dor no pescoço e dor de cabeça crônica além do enjôo e boca salivante, estou desconfiado de ter fibriomeugia será?
Veja aqui: https://fibroconsulta.com.br/, e comece a tirar essa dúvida antes de consultar médico – o que, aliás, a essa altura você precisa fazer. At, Julio
Tenho sintomas dá fibromialgia meus cotovelos, pernas , braços em cima do pé, as vezes no pescoço. Tenho a impressão que essa dor se estala a cada dia mais intensamente em um lugar não fixo.
Esse é apenas um dos sintomas da fibromialgia. Veja o FIBROCONSULTA (https://fibroconsulta.com.br/). Julio
Meu nome é Neli. Venho sofrendo muito com os sintomas da fibromialgia. Estou sendo acompanhada por reumatologista, psiquiatra e uma psicóloga.
Obrigado pelo seu comentário. Teoricamente, eis a equipe médica mais adequada para a fibromialgia, desde que trabalhando coordenadamente, com um dos seus integrantes liderando e promovendo boa comunicação permanente entre os três.
A três anos sinto dores no corpo todo e regidez no pescoço e pelas manhãs sintoma de febre.
Me ajude por favor!…
Foi muito interessante encontrar esses esclarecimentos sobre fibromialgia. Parabéns ❤❤.
+++Grato pelo seu comentário. Coisas como essas são muito animadoras.
A ajuda que você pode ter de mim é a de uma pessoa que passou pelo que você está passando. E não vai gostar dela porque se resume em duas frases: Você está sozinha, médicos e remédios podem ajudar a amenizar a sua situação, mas nunca irão resolvê-la a contento. Convença-se: é o SEU problema. Estude-o. Como? Leia sobre dor crônica, entenda o que está lhe acontecendo e depois, quando estiver bem informada, vai mudando hábitos de vida e paralelamente consulte um médico com experiência em… dor crônica. Lute por obter um diagnóstico confiável porque disso depende o sucesso do seu tratamento. Reumatologistas, desde que com essa experiência, talvez sejam os mais indicados.
sofro com fibromialgia a mais ou menos 30 anos e ainda nao encontrei ate hj a resposta para tanta dor, pois vou ao medico constantimente (medicos do sus) e faco exames contantimente e segundo os medicos os exames nao aparecem nada que comprove que e fibromialgia e apenas passam pregabalina de 75mg para eu tomar junto com duloxetina de 30mg ao qual nem tou tomando mais pois vi que a duloxetina estava me fazendo mal. acordo com dores e durmo com dores e nunca parei de trabalhar mesmo com as dores pq medico de prefeitura nao da atestado com medo de perder o emprego e eu fico sempre pagando meus pecados com essas dores pq sou pobre e nao posso pagar uma consulta particular com um bom medico. olha ja ate pensei em dar um fim em minha vida por varias vezes pq viver com dores continuas nao vale a pena viver, e sim e ficar vegetando nesse mundo, pq nao vejo graca em nada. agora ultimamente eu mesmo me auto-medico pq pposso tenho tempo de ficar dentro de consultorio medico, pois passam sempre a mesma receita. obg por ler meu relato pois rezo muito para que minhas filhas nao erdao essa mesma genetica, pois tenho medo de ser hereditario. Deus abencoe a todos vcs.
Eu já estive numa situação parecida, embora não tão extrema. Lamento que você não consiga orientação médica sobre seu tratamento farmacológico, que parece ter sido atropelado pela sua inutilidade. Pregabalina e duloxetina são fármacos aprovados para tratar a fibromialgia, mas isso não significa que funcionem bem com todo mundo, nem que deixem de apresentar efeitos colaterais importantes. Entrar neles, ou sair deles, é sempre algo delicado, que merece supervisão médica. Quanto a seu estado de ânimo, é algo muito pessoal – apenas vale dizer que é um fator que, a essa altura, certamente deve estar prejudicando a sua saúde ainda mais, e agravando a sua dor, ainda mais. Como sair dessa? Sem a ajuda da medicina convencional, SUS etc? Eis a realidade e é preciso encará-la tal como ela é. Ao menos, invista pagando por uma consulta para confirmar seu diagnóstico de fibromialgia – há 30 anos, os critérios de diagnóstico eram outros. E depois, sozinho, faça da sua recuperação um projeto de vida. Informe-se sobre a fibromialgia nesse site, veja que medidas você pode desenhar e seguir sem recorrer à medicina convencional. Veja este link https://www.dorcronica.blog.br/sobre-a-sua-dor-uma-opiniao/. Muito difícil? Certamente. Porém, se deixar abater, na sua situação, é muito pior. Abs, Julio
Eu tenho é sofro, muito e difícil
Alice, desculpe a demora em responder. Mais difícil fica se permanecer sem informação sobre essa doença. Nesse site você encontrará tudo o que precisa saber para se sentir menos desorientada e mais em controle de sua condição. Navegue por ele. Custa nada.
A mais de três anos tenho dores no corpo pescoço nas costas e pernas sola dos pés fadiga uma sensação de dormeica no em algumas áreas do corpo nas juntas esses dias tava com a minha cabeça dolorida fui no ortopedista tomei remédio mais não ajuda muito não
Sugestão: preencha o FibroConsulta (https://fibroconsulta.com.br/). Isso pode dar a você uma ideia do médico que precisa consultar e a sua razão para isso. At, Julio
Sofro com a fibromialgia fazem 20 anos. Já tomei todo tipo de medicação. Hoje tomo várias entre elas pregabalina e duoloxetina. E agora comecei com canabidiol. Tudo com acompanhamento de reumatologista, geriatra e que me mandou para o fisiatra. Bom em resumo tento de tudo. Mas a dor continua, tenho muita fé e me esforçar para não perder a alegria e o bom humor. Mas tem dia que não dá, peço muito a Deus que inspire a ciência a achar um tratamento eficaz pois é muito sofrimento. A única coisa que tenho certeza dessa doença e quanto mais ficamos parados pior fica. Me esforço todos os dias para manter minha rotina, mas algumas vezes não dá. Então um dia de cada vez focando em não desistir. E áspera de um medicamento eficaz.
Vera Lucia, obrigado por seu contato e me desculpe pela demora em responder. Na verdade, minha resposta ficou tão grande que preferi enviar diretamente ao seu e-mail. Dá uma olhada na sua caixa postal.